Anandamayi Ma: 40 anos do mahasamadhi

*

Este agosto de 2022 possui, para os buscadores espirituais, uma conotação toda especial. No dia 15, comemoramos os 150 anos do nascimento de Sri Aurobindo. No dia 27, celebraremos os 40 anos do mahasamadhi de Anandamayi Ma. Dois iogues que não podiam ser mais diferentes nas aparências: Aurobindo, o gigante intelectual; Anandamayi Ma, a sábia espontânea, que definia a si mesma como “camponesa iletrada”. Mas as aparências enganam.

*

Anandamayi Ma manifestou-se neste mundo em 30 de abril de 1896 e abandonou sua forma física em 27 de agosto de 1982. Durante os 86 anos que separam uma data da outra, caminhou pelo planeta com a graça de uma gazela, deixando atrás de si um rastro de beleza e a fragrância da perfeição. Foi também, para milhares de discípulos e devotos, o lócus epifânico por excelência. Cada um a viu como a manifestação viva de sua deidade favorita: Kali, Lakshmi, Saraswati e tantas outras.

*

A cada pergunta que tentava decodificá-la, ela sempre deu respostas evasivas, em geral desconcertantes. Foi o caso deste curioso diálogo que manteve com um jornalista irlandês, e que traduzi e reproduzo aqui na forma de pingue-pongue:

*

— Jornalista: “Estou certo em acreditar que você é Deus?”

— Anandamayi Ma: “Não há nada exceto Ele, somente. Tudo e todos são apenas formas de Deus. Em sua pessoa, também, Ele veio até aqui para dar o darshana”.

— Jornalista: “Por que você está neste mundo?”

— Anandamayi Ma: “Neste mundo? Não estou em lugar nenhum. Estou sempre repousando em mim mesma”.

— Jornalista: “Sou cristão”.

— Anandamayi Ma: “Eu também. Cristã, muçulmana, o que lhe agradar”.

*

Pequeno glossário

*

Mahasamadhi: grande êxtase: abandono consciente do corpo, que os grandes iogues realizam no momento da morte.

Darshana: visão: vislumbre que se tem do Divino, na forma de uma deidade ou grande iogue ou ioguine.

*