Duna

DUNA

Duna, Diogo, Bahia. Foto: JTA

*

Circunspecta, chegaste à duna,

contra a areia branca tua figura recortada,

teus panos, teus corpos ondulados pelo vento,

testemunha de minha vida, meu momento:

quem fará a conta de tuas trilhas, tuas tramas?

*

Em pêntades de versos retenho tua presença.

Como escriba egípcio que recolhe no papiro

recortes de tempo e os dá à eternidade,

recolho traços de teus passos sobre a areia:

quem decifrará teu místico hieroglifo?

*

Recolheste meus sentimentos, errantes como o vento,

e os ataste em um colar com o fio do teu amor.

Frente às ondas nos dissemos “para sempre”,

enquanto o oceano, discurso sem descanso,

dispunha as contas de uma história incontável.

*