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A vida é feita de lembrança e esquecimento.
Assim, não realizamos a verdade nem nos juntamos a ela.
Em vez disso, confiamos nas Escrituras.
Pode-se saciar a fome olhando para os utensílios de cozinha?
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Se souberes que teu eu é o Eu Verdadeiro
Poderás ficar sem agir, deixando que o Eu atue
Poderás ficar em silêncio, deixando que o Eu se expresse
Poderás dizer a grande verdade: “Eu sou Tu” e “Tu és eu”.
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Nota
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Karuvurar foi discípulo de Boganathar, um dos gurus de Bábaji.
Há uma interessante lenda a seus respeito. Ele teria sido originalmente um brâmane, altamente versado nas Escrituras Sagradas. Mas alcançou a condição de siddha, ou “iogue perfeito”, depois que renunciou à sua casta.
Os brâmanes ficaram muito irritados com o seu procedimento, e passaram a atacá-lo de todas as maneiras, obrigando-o a usar seus poderes ióguicos para se defender.
Cansado dessa situação, Karuvurar abandonou sua cidade natal, viajou para longe, e conheceu lugares e pessoas. Passado muito tempo, resolveu voltar.
Quando souberam que havia voltado, os brâmanes vieram para cima dele, com o objetivo de agredi-lo. Karuvurar correu então para o templo de Shiva, agarrou-se ao Shivalingam e fundiu-se com ele.
A fusão com o Shivalingam — que reúne em sua forma os dois grandes princípios arquetípicos, Shiva e Shakti — possui, é claro, um profundo significado simbólico.
As duas estrofes acima foram escritas na língua tâmil. Eu as recriei em português a partir da tradução inglesa que consta do livro The Yoga of the 18 Siddhas: an Anthology, editado pelo saudoso professor T. N. Ganapathy (Babaji’s Kriya Yoga and Publications, Inc.).
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